Os Guerreiros de Terracota de Xi'an, na China, representam uma das descobertas arqueológicas mais extraordinárias do século XX, oferecendo uma visão única sobre o primeiro imperador da China, Qin Shi Huang, e sobre a organização e o poder da China Antiga. Este vasto exército de guerreiros, esculpidos com detalhes minuciosos e em tamanho real, permanece um testemunho da grandiosidade e da complexidade das civilizações antigas. Sabe mais no Blog dos Portugueses em Viagem A descoberta dos Guerreiros de Terracota ocorreu em 1974, quando agricultores locais escavavam um poço e encontraram fragmentos de uma estátua de terracota. Intrigados, arqueólogos foram chamados ao local e logo perceberam que estavam diante de uma escultura de importância monumental. À medida que a escavação progredia, revelou-se que esta não era uma simples estátua; era um exército inteiro de soldados de terracota, enterrado há mais de 2.200 anos para proteger o túmulo de Qin Shi Huang, o primeiro imperador da China unificada. Estima-se que este exército de terracota tenha sido criado em 210 a.C., logo após Qin Shi Huang concluir a unificação dos estados rivais, estabelecendo o Império Chinês. O imperador, que acreditava firmemente na vida após a morte, desejava que o seu poder e influência se mantivessem eternos. Com isso em mente, ordenou a construção de um vasto mausoléu e de um exército feito de terracota, composto por soldados, cavalos, armas e outros componentes militares, destinado a acompanhá-lo e protegê-lo no além. Esta dedicação à vida após a morte é uma expressão do sistema de crenças de Qin Shi Huang e da importância atribuída à sua segurança e poder no reino espiritual. A relevância desta descoberta é imensa, pois oferece uma compreensão inédita sobre a vida, a arte e as práticas funerárias da dinastia Qin, a primeira dinastia imperial da China. Antes da descoberta dos Guerreiros de Terracota, pouco se sabia sobre a complexidade militar e administrativa do império fundado por Qin Shi Huang. Os guerreiros, organizados em batalhões e distribuídos de forma estratégica, revelam a meticulosidade e o avanço militar da época, com cada soldado posicionado e equipado de acordo com a sua função no exército. Esta precisão, refletida na escultura de cada figura, oferece uma visão da estrutura organizacional militar e do sistema hierárquico do exército de Qin. Um dos aspetos mais impressionantes dos Guerreiros de Terracota é a individualidade de cada figura. Cada soldado foi esculpido com características faciais e corporais únicas, representando uma variedade de expressões, posturas e traços físicos. Arqueólogos e historiadores acreditam que os escultores se inspiraram em soldados reais, reproduzindo as suas características de forma detalhada. Esta variação representa o nível de habilidade dos artesãos da época, bem como o valor atribuído a cada membro do exército, refletindo uma tentativa de dar vida e identidade a cada uma destas figuras. O túmulo do imperador Qin Shi Huang, onde o exército de terracota foi encontrado, é um dos maiores complexos funerários do mundo. Localizado na região de Lintong, próximo a Xi'an, o túmulo cobre uma área de cerca de 56 km². Curiosamente, a câmara principal onde se acredita estar o corpo do imperador permanece por explorar. Segundo relatos históricos, como os de Sima Qian, um famoso historiador chinês da dinastia Han, o túmulo continha rios de mercúrio e representações do céu estrelado, refletindo o desejo do imperador de recriar o seu reino celestial. Os Guerreiros de Terracota são organizados em três principais fossas, ou "poços", com aproximadamente 8.000 soldados, cavalos e carruagens. A Fossa 1, a maior delas, contém o grosso do exército, com fileiras de soldados em formação de batalha. A Fossa 2 inclui cavaleiros, arqueiros e outras figuras especializadas, enquanto a Fossa 3, que é a menor, parece ter funcionado como um posto de comando. Esta divisão reflete uma estrutura militar organizada e altamente sofisticada, demonstrando que o exército de Qin Shi Huang estava preparado para enfrentar batalhas até no pós-vida. O processo de criação dos Guerreiros de Terracota envolveu uma logística e um esforço humano impressionantes. Historiadores estimam que dezenas de milhares de trabalhadores participaram na construção do mausoléu e na produção das figuras de terracota. As estátuas foram moldadas em diferentes partes: troncos, membros e cabeças eram esculpidos separadamente e, depois, montados. Após a montagem, cada figura era pintada com cores vivas que se perderam com o tempo, devido à exposição ao ar após a escavação. Os materiais utilizados para as armas e armaduras dos guerreiros também são fascinantes. Muitas armas encontradas no local ainda estavam afiadas, uma descoberta que intrigou os especialistas. As lâminas e lanças foram tratadas com uma camada de cromo, uma técnica avançada para a época, que ajudou a preservar as armas e a mantê-las em excelente estado de conservação. Este uso de técnicas de preservação sofisticadas demonstra o elevado conhecimento tecnológico e a habilidade da civilização Qin. Hoje, o complexo dos Guerreiros de Terracota é um dos locais mais visitados da China, atraindo milhões de turistas e estudiosos de todo o mundo. O exército continua a ser estudado por arqueólogos, que revelam novos detalhes sobre as práticas culturais, religiosas e militares da China Antiga. A importância histórica e cultural dos Guerreiros de Terracota transcende fronteiras, sendo reconhecida pela UNESCO como Património Mundial. A descoberta dos Guerreiros de Terracota não só revolucionou a compreensão da história chinesa, mas também reforçou a influência duradoura de Qin Shi Huang e a sua visão de um império eterno. Este exército de terracota é um símbolo da engenhosidade, ambição e espiritualidade da China Antiga, permanecendo como uma das maiores maravilhas do mundo arqueológico e um testemunho eterno da grandeza e complexidade da civilização chinesa. |
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