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AS GUERRAS QUE FORJARAM O IRÃO

19/6/2025

 
​O Irão (ou Irã), com a sua localização estratégica entre o Médio Oriente e a Ásia Central, tem sido palco e protagonista de diversos conflitos e guerras ao longo da sua história milenar. Desde impérios antigos até confrontos modernos, o território iraniano tem conhecido guerras de conquista, resistência e disputas ideológicas. Aqui está um resumo dos principais conflitos associados ao Irão que deves conhecer se pretendes visitar o Irão. Sabe mais no Blog dos Portugueses em Viagem.
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1. Guerras Persas da Antiguidade

Durante o Império Aqueménida (550–330 a.C.), a Pérsia esteve envolvida em várias guerras. As Guerras Greco-Pérsicas (499–449 a.C.) foram uma série de conflitos entre a Pérsia e as cidades-estado gregas, como Atenas e Esparta. A batalha de Maratona está entre os episódios mais famosos. A Conquista da Pérsia por Alexandre o Grande (330 a.C.) marcou o fim do Império.

​A ascensão do Império Aqueménida deveu-se à impressionante capacidade de expansão de Ciro, o Grande, que fundou um dos maiores impérios do mundo antigo. Este império abrangia desde o atual Paquistão até ao Mar Egeu, integrando povos diversos sob um sistema administrativo eficiente e relativamente tolerante. No entanto, a ambição expansionista trouxe inevitáveis confrontos com potências rivais, como a Grécia, onde o orgulho das cidades-estado e a defesa da liberdade cívica se opunham à autoridade imperial persa.

Apesar das derrotas infligidas pelos gregos em batalhas como Salamina e Plateia, os persas mantiveram uma influência profunda sobre o mundo antigo, tanto através da sua cultura como pela sua organização estatal. Após a queda perante Alexandre o Grande, os elementos do modelo aqueménida foram absorvidos pelos impérios sucessores, nomeadamente o Império Selêucida. Assim, mesmo derrotado militarmente no final, o legado político, religioso e arquitetónico da Pérsia antiga continuou a moldar civilizações durante séculos.

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2. Invasões Árabes e Mongóis

A queda do Império Sassânida às mãos do califado árabe no século VII foi um dos eventos mais transformadores da História Persa. Após a derrota na batalha de Qadisiyyah (636 d.C.) e a subsequente conquista, o Islão estabeleceu-se como a nova força dominante na região. A conversão da Pérsia ao Islão Xiita viria mais tarde, mas o impacto inicial foi a integração da antiga Pérsia na estrutura do Califado Omíada e depois Abássida, provocando uma fusão entre tradições persas e islâmicas que daria origem a uma nova identidade cultural.

No entanto, essa identidade viria a ser severamente abalada no século XIII com a chegada dos mongóis. Liderados por Genghis Khan e, mais tarde, pelo seu neto Hulagu Khan, os exércitos mongóis avançaram com uma violência implacável sobre as cidades persas. Cidades florescentes como Nishapur e Rei foram completamente arrasadas, e em 1258, a tomada de Bagdade, centro do Califado Abássida, marcou simbolicamente o colapso da autoridade islâmica tradicional. A destruição de bibliotecas, infraestruturas e redes comerciais mergulhou a região num período prolongado de instabilidade e retrocesso.

Apesar da brutalidade da conquista, o domínio mongol acabaria por dar origem à dinastia Ilcanato, que adoptou elementos da cultura e administração persa e acabou por se converter ao Islão. Esta fase híbrida viria a preparar o terreno para o ressurgimento cultural e político da Pérsia sob dinastias como os Timúridas e, mais tarde, os Safávidas, restaurando gradualmente o prestígio da região como centro de saber, arte e poder no mundo islâmico.​

3. Guerras Safávidas e Otomanas (séc. XVI–XVIII)

O Império Safávida (1501–1736) marcou uma viragem decisiva na história persa ao tornar o Xiismo duodecimano, a religião oficial do Estado, diferenciando-se claramente do mundo islâmico dominado pelo Sunnismo, nomeadamente pelo vizinho e rival Império Otomano. Esta decisão teve consequências profundas, tanto religiosas como geopolíticas, transformando o Irão num bastião do Xiismo e criando uma identidade nacional distinta. As cidades de Isfahan, Teerão e Tabriz tornaram-se centros culturais e teológicos, onde se desenvolveram escolas religiosas, poesia, arte e arquitetura que ainda hoje definem o Irão moderno.

As relações com o Império Otomano foram marcadas por conflitos quase constantes, sobretudo pelo controlo da estratégica Mesopotâmia, região onde se localizam cidades sagradas xiitas como Najaf e Karbala. Entre os séculos XVI e XVII, várias guerras moldaram as fronteiras e alimentaram uma rivalidade sectária duradoura. A cidade de Tabriz, por estar próxima da fronteira ocidental, mudava frequentemente de mãos, tornando-se símbolo da instabilidade militar entre os dois impérios. Estes confrontos não eram apenas religiosos, mas também comerciais e estratégicos, influenciando o equilíbrio de poder em todo o Médio Oriente.

Apesar das pressões externas, os Safávidas conseguiram consolidar uma administração central forte, com um exército permanente e uma burocracia eficaz, lançando as bases do Irão moderno. O esplendor artístico deste período, visível na monumentalidade de Isfahan, valeu à cidade o título de "metade do mundo" entre os viajantes da época. A herança safávida é hoje visível não só na arquitetura e cultura iranianas, mas também na afirmação contínua da identidade xiita do país, que ainda distingue o Irão dos seus vizinhos de maioria sunita.

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4. Guerras com a Rússia

As Guerras Russo-Persas do início do século XIX marcaram um período de declínio territorial significativo para a Pérsia, então governada pela dinastia Qajar. Motivadas por interesses estratégicos no Cáucaso, estas guerras opuseram o Império Persa ao crescente poder da Rússia czarista, que procurava expandir a sua influência sobre regiões historicamente disputadas como a Geórgia, o Azerbaijão e a Arménia. A superioridade militar russa, apoiada por tecnologia moderna e uma estrutura de comando mais eficaz, revelou-se decisiva nos confrontos que se estenderam entre 1804 e 1828.

O desfecho destes conflitos foi desastroso para a Pérsia: os Tratados de Golestão (1813) e Turcomenxai (1828) formalizaram a cedência de vastos territórios no Sul do Cáucaso ao Império Russo. Estes tratados foram profundamente humilhantes para os persas, impondo ainda indemnizações e privilégios comerciais à Rússia, além da presença permanente de embaixadores russos em Teerão. A perda de acesso direto a zonas estratégicas do Mar Cáspio e de influência sobre populações muçulmanas da Transcaucásia teve efeitos duradouros na política externa iraniana, incentivando um sentimento de desconfiança crónica face às potências europeias.

Além do impacto geopolítico, estas derrotas estimularam um intenso debate interno sobre a modernização do Estado persa. Intelectuais e membros da corte começaram a questionar a eficácia do modelo tradicional e a defender reformas inspiradas nos modelos europeus, dando início ao que seria, nas décadas seguintes, o movimento constitucionalista iraniano. A memória amarga das Guerras Russo-Persas permanece viva na consciência histórica do Irão, sendo frequentemente evocada como símbolo da fragilidade perante as grandes potências e da importância de preservar a soberania nacional.

5. Primeira e Segunda Guerras Mundiais

Durante a Segunda Guerra Mundial, o Irão adoptou inicialmente uma posição de neutralidade, procurando manter-se à margem do conflito global. No entanto, a sua localização estratégica e, sobretudo, as vastas reservas de petróleo, tornaram-no rapidamente um alvo para os Aliados.

Em 1941, temendo uma possível aliança do xá Reza Pahlavi com a Alemanha nazi, o Reino Unido e a União Soviética lançaram uma invasão conjunta, ocupando o país sem declaração formal de guerra. Esta operação, conhecida como Operação Consent, teve como principal objetivo garantir o controlo das rotas de abastecimento de armamento e combustível para o frente oriental soviética, através do chamado Corredor Persa.

A ocupação teve consequências profundas para o Irão. Reza Pahlavi foi forçado a abdicar, sendo substituído pelo seu filho, Mohammad Reza Pahlavi, mais alinhado com os interesses britânicos e norte-americanos. O país manteve-se sob presença militar estrangeira até ao fim do conflito, embora com promessas de respeito pela soberania iraniana. O fornecimento de petróleo e a construção de infraestruturas estratégicas (como ferrovias e oleodutos) reforçaram a importância do Irão na vitória aliada, mas também alimentaram um sentimento crescente de humilhação e interferência externa.

Este período marcou o início de uma nova fase na política iraniana, onde o nacionalismo e a exigência de controlo soberano sobre os recursos naturais ganharam força. A ocupação pelos Aliados, mesmo em nome da luta contra o nazismo, ficou na memória coletiva como mais um episódio de exploração externa. Esse sentimento viria a culminar, nos anos seguintes, na nacionalização do petróleo liderada por Mohammad Mossadegh e no progressivo afastamento do Irão dos antigos aliados ocidentais, moldando o cenário político que conduziria à Revolução Islâmica de 1979.

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6. Revolução Iraniana e Guerra Irão-Iraque

A Revolução Iraniana de 1979 foi um dos momentos mais decisivos do século XX no Médio Oriente. Resultado de décadas de autoritarismo, desigualdade e crescente ocidentalização imposta pelo regime do xá Mohammad Reza Pahlavi, a revolta popular acabou por unir forças muito distintas, desde clérigos xiitas até comunistas e estudantes laicos, contra o poder monárquico.

Com a queda do xá e a sua fuga para o estrangeiro, foi instaurada a República Islâmica do Irão, sob a liderança carismática e inflexível do aiatolá Ruhollah Khomeini. O novo regime implementou uma teocracia baseada na wilayat al-faqih (governo do jurista islâmico), transformando radicalmente o sistema político, judicial e social do país.

Quase sem tempo para consolidar o novo regime, o Irão enfrentou um ataque militar em larga escala por parte do vizinho Iraque, liderado por Saddam Hussein. A Guerra Irão-Iraque (1980–1988) foi motivada por ambições territoriais, disputas fronteiriças e pela tentativa iraquiana de travar a exportação da revolução islâmica xiita.

O conflito foi extremamente destrutivo: mais de um milhão de mortos, milhões de deslocados e o uso sistemático de armas químicas, especialmente por parte do Iraque, com a complacência tácita de várias potências ocidentais. Cidades iranianas foram bombardeadas, infraestruturas destruídas e comunidades inteiras traumatizadas.

Apesar das perdas devastadoras, o Irão conseguiu resistir sem ceder às exigências iraquianas, o que reforçou internamente o regime revolucionário e alimentou um sentimento profundo de resistência e auto-suficiência nacional.

​A guerra deixou marcas profundas na sociedade iraniana, moldando a sua política externa, o discurso oficial e a perceção coletiva de isolamento e injustiça internacional. Até hoje, o conflito é lembrado como um episódio de sacrifício coletivo e orgulho patriótico, central na identidade contemporânea do Irão.

A HISTória VIVA DE UMA NAÇÃO INSUBMISSA

Compreender a história do Irão é absolutamente essencial para perceber a complexidade política, cultural e social do país hoje. O Irão não é apenas mais uma nação do Médio Oriente: é o herdeiro de um dos legados civilizacionais mais antigos do mundo, com raízes que remontam a impérios como o Aqueménida, o Sassânida e o Safávida. Esta continuidade histórica deu ao povo iraniano uma profunda consciência da sua identidade, marcada por um orgulho nacional que transcende religiões e regimes. Esta herança influencia fortemente a forma como o Irão se posiciona no mundo, com uma visão muitas vezes desconfiada das potências externas e uma ênfase na soberania e independência.

Além disso, os eventos do século XX (da ocupação por potências estrangeiras durante a Segunda Guerra Mundial à Revolução Islâmica de 1979, passando pela traumática Guerra Irão-Iraque) moldaram uma mentalidade coletiva que privilegia a resistência, o sacrifício e o auto-isolamento estratégico. O atual regime teocrático não pode ser compreendido apenas através da lente religiosa; é também um reflexo de séculos de intervenção externa, exploração de recursos e tentativas falhadas de reformas impostas de fora para dentro. A política externa do Irão, frequentemente vista como agressiva ou desafiadora, é na verdade profundamente defensiva, enraizada na memória histórica de invasões, golpes e traições.

​Por fim, entender a história do Irão é também perceber as suas tensões internas: entre tradição e modernidade, entre clericalismo e republicanismo, entre juventude urbana e elites conservadoras. O país é tudo menos monolítico. A sua população, maioritariamente jovem, educada e conectada, vive entre o  um passado grandioso e o desejo de um futuro de abundância. Só através do conhecimento da sua longa e turbulenta história é possível interpretar os paradoxos do Irão contemporâneo: uma república islâmica com eleições, uma sociedade profundamente religiosa mas sedenta de mudança, um Estado isolado que é, paradoxalmente, central em todas as dinâmicas do Médio Oriente.

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