Como Vice-Presidente dos Estados Unidos, Kamala nem viajou muito nem as viagens realizadas ganharam muito destaque internacional. Do que pesquisámos as viagens mais significativas terão sido Guatemala e México sob o tema da emigração ilegal, Polónia e Roménia devido à Guerra da Ucrânia, vários países asiáticos, como as Filipinas o Vietname e o Japão, para reforçar relações bilaterais. Mas viagens de trabalho, sobretudo em contexto político, são apenas isso. Muito mais interessante foi investigar as viagens privadas de Kamala, onde esteve, e porquê. Sabe mais no Blog dos Portugueses em Viagem as viagens privadas de kamalaKamala é filha de um pai negro jamaicano e de mãe indiana. Ambos eram emigrantes, estudantes, e posteriormente professores universitários nos Estados Unidos. As viagens mais determinantes de Kamala parecem ter sido focadas no regresso às suas origens. JAMAICA e CHENNAIAs viagens de Kamala Harris na sua juventude foram divididas sobretudo entre estes dois países: Jamaica e Índia. A única exceção que encontrámos foram os meses em que viveu em Africa. Os seus pais foram muito comprometidos com a causa afro-americana nos Estados Unidos. Conheceram-se num evento político universitário. A ligação e sensibilidade de Kamala às minorias não é portanto apenas genética ou extemporânea: ela efetivamente cresceu numa casa e contexto de esquerda progressista e proactiva. O pai, economista, foi consultor do Governo da Zambia poucos anos depois do país conseguir a independência. Levou consigo toda a jovem família para viver alguns meses em África. A mãe, de uma forma épica, desafiou todas as convenções sociais e religiosas Indianas ao casar com um negro, ateu e estrangeiro, sem sequer solicitar a aprovação da sua família. Mas nunca se desligou dos seus pais e tratou de que as filhas (Kamala tem uma irmã) passassem férias com os avós na Índia e assim conhecessem as suas origens. Uma mãe viajadaÉ preciso conhecer o peso das tradições familiares e religiosas indianas para compreender a enorme força da mãe de Kamala. Aqueles de vocês que já viajaram connosco na Índia testemunharam e sabem do que estamos a falar. Chamava-se Shyamala Gopalane e é uma figura central para entender a nova candidata à presidência dos Estados Unidos. Shyamala teve uma juventude peculiar. O pai, funcionário público, foi ao longo da sua carreira colocado em várias cidades. A mãe de Kamala cresceu por isso com a infância e juventude divididas entre Bombaim, Nova Deli, Calcutá e Madras. Era uma aluna brilhante e concorreu em segredo a várias universidades internacionais. Quando conseguiu entrar na Universidade de Berkeley (Califórnia), só então, falou com os pais que sacrificaram as suas economias para lhe pagar a viagem aérea e as propinas do primeiro ano. Shyamala dedicou-se à luta contra o cancro e viria a ser Investigadora e Professora Universitária na área da Oncologia nos Estados Unidos. Para a sua primeira filha escolheu o nome indiano de Kamala, um nome que não tem género, e que significa flor de lótus. A capacidade do lótus de florescer em águas turvas simboliza resiliência e perseverança, destacando a ideia de que algo belo e puro pode surgir de condições adversas. O REGRESSO À ÍNDIAJá na idade adulta, após a morte da mãe, Kamala regressa mais uma vez à Índia. Mais uma vez a tradição é inovada. A mãe foi cremada seguindo os preceitos hindus. Mas as cinzas, que Kamala levou consigo, não são deitadas ao Ganges, mas ao mar, na província onde viviam os seus pais. entrada na vida políticaDepois de entrar na vida política as viagens privadas de Kamala, por privacidade e segurança, deixam de ser conhecidas. Mas o que retiramos da investigação para este artigo é que efetivamente o discurso e as causas de Kamala se alinham com as viagens que realizou, e são determinadas por um passado multiétnico cada vez mais comum também em Portugal. AS VIAGENS CONTAM ?As viagens realizadas por uma pessoa podem desempenhar um papel significativo na formação da sua personalidade e oferecer uma compreensão mais profunda sobre as suas experiências e visão do mundo. Dito isto, muito mais importante que as experiências é a forma como as mesmas são processadas. Não se trata portanto de contar carimbos no Passaporte, mas de considerar atentamente as viagens feitas (ou não feitas), e a forma como foram feitas, no escrutínio de personalidades e decisores públicos. Exatamente da mesma forma como já fazemos por exemplo com o seu percurso profissional. Até onde és capaz de ir nas tuas viagens diz muito de até onde és capaz de ir na tua vida globalmente, porque os valores e o aprendizado que retiras de cada viagem não são estanques nem se guardam na mochila. Com uma realidade cada vez mais global e desafiante, nunca o mundo precisou tanto de verdadeiros viajantes, ou seja, pessoas que por experiência própria e vivida se tornaram capazes de encarar a complexidade do mundo com novas perspetivas. Kamala chegou à Vice-Presidência dos Estados Unidos: e tu, até onde és capaz de ir? |
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