PORTUGUESES EM VIAGEM
  • PORTUGUESES EM VIAGEM
  • NOVIDADES
  • ACESSO CLIENTES
  • PROCURAR VIAGEM
  • DESTAQUE
  • ANTES DE VIAJAR
  • BLOG
  • COMUNIDADE DE VIAJANTES
  • LISTA DE ESPERA
  • GUIAS DE VIAGEM

BREVE HISTÓRIA DA GRONELÂNDIA: O QUE PRECISAS SABER

24/3/2025

 
A Gronelândia é um monumento silencioso à resiliência humana. Esta imensa ilha coberta por glaciares milenares é muito mais do que um território gelado: é palco de uma odisseia cultural, ecológica e política única. No Blog dos Portugueses em Viagem, procuramos sempre destinos que contam histórias profundas — e poucas são tão marcantes como a da Gronelândia. Convidamos-te a conhecer esta terra onde o tempo parece ter outra cadência, e onde o passado se inscreve no branco infinito da paisagem.
Fotografia
Os vestígios mais antigos da ocupação humana na Gronelândia remontam a cerca de 2500 a.C., com a chegada da cultura Saqqaq, proveniente do Árctico canadiano. Estes primeiros grupos humanos viviam essencialmente da caça ao foca e à rena, utilizando ferramentas de pedra e ossos. Seguiram-se outras culturas, como a Dorset e, posteriormente, a Thule, cada uma com inovações que lhes permitiram habitar este território inóspito. A cultura Thule, surgida por volta do ano 1000, é a antecessora directa dos actuais Inuit. As investigações do Greenland National Museum e do Smithsonian Institution ajudam a reconstituir este passado remoto, revelando adaptações engenhosas e uma impressionante capacidade de sobrevivência.

Foi também por volta do século X que se deu um dos episódios mais enigmáticos da história da ilha: a chegada dos Vikings. Erik, o Vermelho, exilado da Islândia, desembarcou na costa sudoeste da Gronelândia e fundou duas colónias principais — o Assentamento Oriental e o Ocidental. Estes colonos nórdicos trouxeram consigo gado, técnicas agrícolas e uma sociedade estruturada, criando pequenas comunidades que resistiram durante quase cinco séculos. A "Terra Verde", como foi chamada para atrair mais habitantes, manteve relações comerciais com a Noruega e a Islândia, mas acabou por desaparecer misteriosamente por volta de 1450, um desaparecimento ainda hoje estudado por arqueólogos e climatologistas.

A teoria mais aceite sobre o colapso das colónias nórdicas relaciona-se com a Pequena Idade do Gelo, um período de arrefecimento global que começou no século XIV. A agricultura tornou-se insustentável, as rotas marítimas congelaram com maior frequência e os contactos com a Europa foram gradualmente interrompidos. Fontes como a Enciclopédia Britânica e a National Geographic Society indicam também que o isolamento, a escassez de recursos e possíveis conflitos com os Inuit contribuíram para a extinção destas comunidades. Os Inuit, por sua vez, adaptaram-se de forma magistral às novas condições, mantendo as suas tradições e modos de vida centrados na caça marítima.

A presença europeia só foi retomada em força no século XVIII, quando a Dinamarca, por intermédio do missionário Hans Egede, deu início à colonização formal da ilha. O objectivo era evangelizar os povos indígenas e estabelecer controlo económico sobre o território. Durante os dois séculos seguintes, a Gronelândia foi administrada como uma colónia dinamarquesa, com políticas que muitas vezes ignoravam os costumes e necessidades locais. No entanto, a resistência cultural dos Inuit permitiu-lhes preservar grande parte do seu património linguístico e espiritual. A capital, Nuuk, foi fundada em 1728, e transformou-se gradualmente num centro administrativo e político relevante.

O século XX trouxe mudanças estruturais. Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos estabeleceram bases militares no território, reconhecendo a sua importância estratégica durante a Guerra Fria. Em 1953, a Gronelândia deixou de ser colónia e passou a integrar oficialmente o Reino da Dinamarca. Ainda assim, a população local lutou por maior representação e autonomia. A criação de um governo autónomo em 1979 foi um marco, permitindo à Gronelândia gerir assuntos internos. Em 2009, essa autonomia foi significativamente alargada, abrindo caminho para um possível processo de independência a longo prazo.

A economia assenta hoje na pesca, mas há um crescente interesse na exploração de recursos minerais e energéticos. Com o degelo acelerado do Árctico, novos depósitos de terras raras, petróleo e gás natural tornam-se acessíveis, atraindo o olhar atento de potências internacionais. Este novo ciclo económico, no entanto, levanta questões ambientais e sociais, nomeadamente sobre o impacto nas comunidades locais e nos frágeis ecossistemas. Organizações como a UNESCO e o Arctic Council alertam para a importância de um desenvolvimento sustentável e respeitador da cultura Inuit.

As alterações climáticas têm um impacto directo e profundo na Gronelândia. O recuo dos Glaciares, a subida do nível do mar e as transformações nos habitats de espécies polares são fenómenos que afectam tanto o ambiente como a vida quotidiana dos habitantes. Estudos recentes publicados pelo New York Times e pela Nature Climate Change revelam que o manto de gelo está a perder massa a um ritmo sem precedentes. Este fenómeno não só ameaça comunidades costeiras, como contribui para o agravamento das alterações climáticas globais. A Gronelândia tornou-se assim um laboratório natural para a ciência do clima.
Culturalmente, a Gronelândia vive uma renascença identitária. As novas gerações Inuit valorizam o ensino da sua língua, o Kalaallisut, e promovem expressões artísticas locais como a música, a dança e a narrativa oral. Festivais como o Nuuk Nordisk Kulturfestival aproximam culturas árticas e criam pontes com o resto do mundo. A identidade gronelandesa, marcada pela simbiose entre tradição e modernidade, continua a afirmar-se com vigor. Os habitantes da ilha expressam cada vez mais o desejo de decidir o seu destino político, num processo de autodeterminação ainda em curso.

A história da Gronelândia é uma viagem de resistência, contacto e transformação. Desde os primeiros caçadores do Ártico até à juventude que hoje reivindica a sua voz num mundo globalizado, a Gronelândia foi moldada por forças naturais e humanas. A sua trajectória singular torna-a um exemplo poderoso de adaptação e perseverança. Visitar a Gronelândia não é apenas atravessar paisagens glaciais, é entrar num território onde cada fiorde, cada aldeia e cada rosto contam capítulos de uma história que continua a escrever-se.


    MAIS ARTIGOS!

    Escolhe o tema:

    Tudo
    AFEGANISTAO
    AFRICA
    AFRICA DO SUL
    AMAZONIA
    AMBIENTE
    ARGENTINA
    ARMENIA
    ASIA
    ATUALIDADE
    AUSTRALIA
    Bali
    BOTSWANA
    BRASIL
    BULGARIA
    BURUNDI
    BUTAO
    CAMBODJA
    CANADA
    CHILE
    CHINA
    CINEMA
    COLABORA
    COLOMBIA
    COMUNIDADE
    COSTA RICA
    COWORKING
    CROACIA
    CUBA
    DESERTOS
    DUBAI
    EGIPTO
    ESPANHA
    ESTADOS UNIDOS
    ETIOPIA
    ETNOGRAFIA
    EUROPA
    EXPRESSO DO ORIENTE
    FESTIVAIS DO MUNDO
    FILIPINAS
    FOTOGRAFIA
    FRANCA
    GASTRONOMIA
    GRANDES CIDADES
    GRANDES VIAJANTES
    GRECIA
    GRONELANDIA
    GUATEMALA
    HISTORIA
    HOTEIS
    INDIA
    INDONESIA
    IRAO
    IRAQUE
    ISLANDIA
    ITALIA
    ITINERARIO
    JAPAO
    JOAO OLIVEIRA
    LGBT
    LITERATURA
    MADAGASCAR
    MALDIVAS
    MALTA
    MARAVILHAS DO MUNDO
    MARROCOS
    MAURITANIA
    MEDIO ORIENTE
    MEXICO
    MOCAMBIQUE
    MOLDAVIA
    MONGOLIA
    MUSEUS
    NATURISMO
    NEPAL
    NORUEGA
    OMAN
    PALESTINA
    PARQUES NATURAIS
    PATAGONIA
    PERU
    PORTUGAL
    PRAIA
    RUSSIA
    SAFARIS
    SAO TOME
    SAUDE
    SEGURANCA
    SERVIA
    SIRIA
    SOLTEIROS
    SRI LANKA
    SUECIA
    TAILANDIA
    TESTEMUNHOS
    TIMOR LESTE
    TREKKING
    TURQUIA
    UCRANIA
    UZBEQUISTAO
    VIAJANTES PORTUGUESES
    VIDEO
    VIETNAME
    VOAR


Não encontras as datas ou destino que pretendes? ​Inscreve-te Gratuitamente na Lista de Espera.
LISTA DE ESPERA

Fotografia
Fotografia
Fotografia
Fotografia
Fotografia
Fotografia
Fotografia
Fotografia
Fotografia

Fotografia

PODCAST
SEGURO DE VIAGEM
MARCAR VOOS
LÊR O LIVRO
OFERTAS


EXPEDIÇÕES

EXPEDIÇÕES POR PAÍS
EXPEDIÇÕES POR MÊS
EXPEDIÇÕES POR TEMA
EXPEDIÇÕES POR PREÇO
OFERTAS!
​

INSTITUCIONAL

QUEM SOMOS
ENTRA EM CONTACTO
​O NOSSO COMPROMISSO
​
TRANSPARÊNCIA E INTEGRIDADE
​PROTECÇÃO DOS TEUS  DADOS
​
TRABALHA CONNOSCO
​
​

COMUNIDADE

TESTEMUNHOS
​
SUBSCREVE A NEWSLETTER
​
BLOG DE VIAGENS
​
FACEBOOK 
INSTAGRAM ​
​YOUTUBE 
JUNTA_TE AO GRUPO!
ÁREA DE CLIENTES
​
​

RESERVAR

PERGUNTAS FREQUENTES (FAQ)
CONDIÇÕES
​MARCAR O MELHOR VOO
​
ESCOLHER O SEGURO DE VIAGEM
SEGURANÇA COVID19
CONSULTA DO VIAJANTE
​

NOS MEDIA

OBSERVADOR
RDP-ÁFRICA
​
DIÁRIO DE NOTÍCIAS
​TVI 
PÚBLICO
​
VOLTA AO MUNDO
​

Imagem
#portuguesesemviagem
Todos os Direitos Reservados. 
RNAVT: 5067

ENVIA MENSAGEM NO WHATSAPP
  • PORTUGUESES EM VIAGEM
  • NOVIDADES
  • ACESSO CLIENTES
  • PROCURAR VIAGEM
  • DESTAQUE
  • ANTES DE VIAJAR
  • BLOG
  • COMUNIDADE DE VIAJANTES
  • LISTA DE ESPERA
  • GUIAS DE VIAGEM