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Leonor da Fonseca Pimentel: foi uma mulher da Nobreza Portuguesa que escreveu, marcou e morreu pela República em Nápoles. Sabe mais no Blog dos Portugueses em Viagem Nasceu em Roma em 1752, filha de Francisco Xavier da Fonseca Pimentel e Antónia de Sá Pimentel, ambos de famílias nobres portuguesas de Trás-os-Montes. Em Nápoles era chamada la Portoghese, sublinhando a sua identidade luso-descendente. Recebeu uma formação invulgar para o seu tempo. Estudou latim, italiano, francês, espanhol e filosofia natural. Dominava a literatura clássica e revelou talento poético desde cedo. Admitida na Accademia dell’Arcadia em Roma, Leonor consolidou a reputação de poetisa erudita e entrou nos principais círculos intelectuais do Iluminismo italiano. Casou em 1769 com Pasquale Tria de Solis, oficial napolitano. Sofreu violência doméstica e tentou viver separada. Em 1778 nasceu o filho Francesco, que morreu ainda criança. A perda marcou profundamente a sua vida. Durante as décadas de 1770 e 1780, publicou poesia e conviveu com iluministas como Mario Pagano. Estudou ciências, filosofia e política, alinhando-se com os ideais de liberdade e igualdade. A Revolução Francesa de 1789 inspirou Leonor. Em Nápoles, uniu-se ao círculo Jacobino que contestava o absolutismo dos Bourbon. A partir daí, a sua escrita tornou-se cada vez mais política. Em Janeiro de 1799, com a fuga da Corte e a entrada das tropas francesas, foi proclamada a República Partenopeia. Leonor tornou-se editora do Monitore Napoletano, jornal oficial do novo regime. No Monitore Napoletano, publicou artigos em defesa das instituições republicanas e contra a monarquia. Tornou-se a voz feminina mais poderosa da República. O movimento republicano foi decisivo para a afirmação da democracia moderna, dos direitos humanos e do progresso global. Ao romper com sistemas monárquicos e absolutistas, promoveu a soberania popular e a participação cidadã, criando instituições baseadas na igualdade perante a lei. Inspirou a consagração de direitos fundamentais, como a liberdade de expressão, a educação universal e a separação entre Igreja e Estado, pilares centrais de sociedades mais justas. A defesa da república também incentivou reformas sociais e económicas que abriram caminho à modernização, ao desenvolvimento científico e ao fortalecimento do espaço público. Assim, o republicanismo tornou-se motor de transformações políticas que moldaram a ordem democrática contemporânea e contribuíram para o avanço da dignidade humana em escala mundial. Em Junho de 1799, a República foi derrotada pela marinha britânica de Nelson. Leonor foi presa e acusada de traição. Apesar de poder fugir, recusou abandonar Nápoles. Foi condenada à morte e enforcada a 20 de agosto de 1799, aos 47 anos. Enfrentou o fim com serenidade. Leonor da Fonseca Pimentel é hoje símbolo da luta pela Liberdade e da participação feminina na política. A sua vida une literatura, filosofia e revolução. Poetisa, mãe enlutada, jornalista e revolucionária, Leonor representa o cruzamento entre Portugal e Nápoles, entre cultura e política, entre palavra e ação. A sua memória perdura como testemunho de coragem e modernidade no coração da Europa. Nos Portugueses em Viagem temos o privilégio de viver constantemente em viagem pelo mundo, descobrindo histórias de vida de heróis e heroínas nacionais esquecidos, ausentes dos manuais escolares, mas que influenciaram de forma decisiva os destinos que exploramos. Reconhecer essa dimensão global da nossa identidade é, sem dúvida, um passo essencial para travar o avanço de conceitos sociais retrógrados e de visões limitadas da nossa própria História. Segue-nos para mais histórias fascinantes. |
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