O Expresso do Oriente é uma viagem no tempo, uma fantasia sobre carris que ligou o Ocidente ao Oriente, Paris a Constantinopla, o glamour europeu à promessa do desconhecido. Ao longo dos anos, inspirou livros, filmes, mitos e até crimes ficcionais. Junta-te aos Portugueses em Viagem e descobre os segredos desta lenda sobre rodas que ainda hoje faz correr tinta e fascina gerações. Tudo começou em 1883, quando um visionário belga chamado Georges Nagelmackers fundou a Compagnie Internationale des Wagons-Lits. O seu objectivo? Criar uma rede de comboios de luxo que atravessassem a Europa com elegância e conforto nunca antes vistos. Assim nasceu o Orient Express, ligando Paris a Bucareste, e depois, em 1889, até à mítica cidade de Constantinopla, hoje Istambul. Pela primeira vez na história, era possível viajar entre o coração da Europa e o Império Otomano com conforto, requinte e segurança, um feito verdadeiramente revolucionário. O comboio não demorou a ganhar fama. Durante a Belle Époque, aristocratas, diplomatas, espiões, artistas e milionários fizeram do Expresso do Oriente o seu meio de transporte de eleição. A bordo, as carruagens ofereciam quartos privados, salões de jantar requintados e serviço de luxo — uma espécie de hotel cinco estrelas em movimento. Mas não era só a opulência que chamava a atenção: o comboio percorria cidades fascinantes como Viena, Budapeste, Belgrado e Sófia, cruzando culturas e paisagens de cortar a respiração. Ao longo do século XX, o comboio atravessou momentos de grande tensão. Foi usado em missões diplomáticas durante as guerras mundiais, tornou-se alvo de sabotagens e viveu anos de decadência com o declínio das viagens ferroviárias de longo curso. Ainda assim, resistiu. E com a ajuda da cultura popular, tornou-se eterno. A escritora britânica Agatha Christie imortalizou-o no célebre Murder on the Orient Express (1934), inspirada numa viagem real e num episódio de comboio preso na neve. Desde então, o Expresso do Oriente passou a ser sinónimo de mistério, luxo e aventura. Hoje, o serviço original já não existe, mas a sua essência sobrevive no luxuoso Venice Simplon-Orient-Express, operado pelo grupo Belmond. Com carruagens restauradas dos anos 1920 e 1930, este comboio percorre rotas que evocam a glória do passado: Veneza, Paris, Budapeste, Praga, Viena e Istambul são algumas das paragens possíveis. Os bilhetes não são baratos, mas a experiência é inesquecível. Em 2018, os Portugueses em Viagem integraram este itinerário às nossas Expedições com uma proposta única: em vez de embarcarmos num comboio de luxo reservado, optámos pelos comboios locais, seguindo os percursos históricos do Expresso do Oriente com um espírito mais autêntico e acessível. Esta abordagem permite-nos permanecer mais tempo em cada cidade, alojando-nos nos centros históricos e mergulhando na cultura viva de cada destino. É uma experiência profundamente envolvente, onde o luxo está no tempo, na liberdade e na descoberta. Ao democratizar esta viagem mítica, tornámo-la mais próxima, mais real, uma travessia onde o percurso é o protagonista, e onde, de Viena até Istambul, se revela com rara beleza a forma como a Europa se transforma subtilmente em Oriente. Entre as curiosidades mais fascinantes está o facto de que o Expresso do Oriente nunca teve uma única rota fixa. Ao longo das décadas, o trajecto foi sendo adaptado a contextos políticos e realidades geográficas. Existiram variantes como o Simplon-Orient-Express, o Arlberg-Orient-Express e o Direct-Orient, cada um com itinerários e destinos ligeiramente diferentes. Outra curiosidade é que muitos dos crimes e escândalos associados ao comboio são fruto da ficção... mas outros nem tanto. Cartéis, espiões e negócios obscuros marcaram presença real a bordo. O Expresso do Oriente foi e é mais do que um comboio de luxo: é um símbolo cultural, um marco histórico e uma fonte inesgotável de histórias e emoções. A sua trajectória combina inovação, beleza, intriga e romantismo, tudo aquilo que procuramos quando viajamos em busca do extraordinário. Se um dia sonhares com uma viagem digna dos grandes romances de aventura, lembra-te deste nome: Expresso do Oriente. E parte connosco, sempre, na próxima grande Expedição. |
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