Há uma imagem que habita o imaginário de milhões de leitores e cinéfilos por todo o mundo: um comboio de luxo parado no meio da neve, onde um assassino se esconde entre passageiros elegantes, cada um com os seus segredos. Estamos a falar, claro, de Murder on the Orient Express, um dos romances policiais mais icónicos de sempre. Mas será que esta história aconteceu mesmo? Existiu um crime a bordo do verdadeiro Expresso do Oriente? E o comboio que inspirou Agatha Christie ainda circula? Vamos esclarecer tudo no Blog dos Portugueses em Viagem. Publicado em 1934, Murder on the Orient Express é uma das obras mais celebradas de Agatha Christie, a “rainha do crime”. No romance, o detective belga Hercule Poirot investiga um homicídio a bordo do luxuoso Expresso do Oriente, enquanto o comboio fica retido pela neve entre Istambul e Calais. O cenário é claustrofóbico, a tensão cresce a cada página, e o desfecho é um dos mais memoráveis da literatura policial. O sucesso foi tão estrondoso que a história foi adaptada para cinema, teatro, rádio e televisão inúmeras vezes, sendo a versão mais recente de 2017 com Kenneth Branagh. Mas, afinal, o crime é ficção ou baseado em factos reais? A resposta está algures no meio. Agatha Christie viajou de facto no Expresso do Oriente em 1928, 1930 e 1931, fascinada pelo luxo do comboio e pela complexidade das culturas que ligava. Em 1929, uma viagem real do Expresso ficou retida na neve durante vários dias na Turquia, e esse episódio serviu de base para o cenário do livro. A trama do assassinato foi livremente inspirada no famoso caso Lindbergh: o rapto e morte do bebé do aviador Charles Lindbergh em 1932, que chocou o mundo. Ou seja, o crime do livro não aconteceu a bordo, mas foi cuidadosamente montado a partir de eventos reais. O Expresso do Oriente original, operado pela Compagnie Internationale des Wagons-Lits, transportava de facto aristocratas, diplomatas, empresários e, ocasionalmente, espiões. Era um palco perfeito para intrigas e tensões internacionais. No entanto, não há registo histórico de um assassinato igual ao descrito no romance. Ainda assim, a aura de mistério em torno do comboio foi amplificada pelo livro, e transformou o Expresso do Oriente num símbolo de suspense e sofisticação que persiste até hoje. Actualmente, é possível recriar essa atmosfera literária a bordo do Venice Simplon-Orient-Express, uma versão moderna do comboio clássico. As carruagens originais da época foram restauradas ao detalhe, incluindo algumas usadas nas filmagens de adaptações cinematográficas. Ao embarcar, muitos passageiros fazem-no vestidos a rigor, inspirados nas personagens de Christie, tornando a viagem numa verdadeira encenação romântica do passado. Há mesmo itinerários temáticos com noites de mistério organizadas a bordo, ideais para fãs de Poirot e entusiastas do género policial. Para quem quer viver esta aventura sem o custo elevado do comboio de luxo, os Portugueses em Viagem oferecem uma alternativa única. Desde 2018, recriamos os trajectos históricos do Expresso do Oriente em comboios regionais, com paragens em cidades como Budapeste, Belgrado, Sófia e Istambul. A viagem torna-se assim uma experiência cultural imersiva, onde o verdadeiro mistério é o de descobrir como cada cultura se transforma ao longo da rota. Uma opção mais acessível, mas não menos mágica. Conclusão: o assassinato a bordo do Expresso do Oriente é ficção, mas inspirado em acontecimentos reais e criado a partir de experiências autênticas da própria Agatha Christie. O comboio existiu, ainda circula em versão de luxo, e continua a ser uma fonte inesgotável de inspiração e fascínio. Quer o vivas como um passageiro elegante num vagão art déco, ou como um viajante em busca de histórias autênticas entre fronteiras, o Expresso do Oriente espera por ti. E quem sabe o que poderás descobrir… no próximo compartimento? |
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