A proibição da entrada de mulheres no Monte Athos não está isenta de críticas, especialmente nos tempos modernos, em que as questões de igualdade de género são amplamente debatidas. Algumas ativistas e organizações de direitos humanos contestam esta exclusão, argumentando que um local de tamanha importância cultural e religiosa deveria ser acessível a todos. No entanto, as autoridades gregas mantêm-se firmes na defesa desta tradição. Sabe mais no Blog dos Portugueses em Viagem A Grécia é um país repleto de ilhas paradisíacas e locais históricos fascinantes, mas há um território peculiar que se mantém envolto em mistério e tradição: o Monte Athos, uma península monástica onde a presença feminina é estritamente proibida. Este enclave sagrado, localizado no norte da Grécia, na região da Macedónia Central, é um dos últimos lugares do mundo onde as mulheres não podem entrar, seguindo uma regra imposta há mais de mil anos. Reconhecido como um dos centros espirituais mais importantes da Igreja Ortodoxa, o Monte Athos é um estado monástico autónomo dentro da Grécia, habitado exclusivamente por monges que dedicam as suas vidas à oração, meditação e ao isolamento do mundo moderno. A proibição da entrada de mulheres no Monte Athos tem origem num decreto do Império Bizantino, emitido em 1045, e mantém-se até hoje. A razão principal para esta regra baseia-se na ideia de que a presença feminina poderia ser uma distração para os monges, que fazem votos de castidade e dedicação total à vida espiritual. A restrição é tão rigorosa que até mesmo fêmeas de certas espécies animais são impedidas de entrar, com exceção de gatos e aves, que são permitidos para controlo de pragas e preservação do equilíbrio ecológico da península. Os homens que desejam visitar o Monte Athos precisam de uma permissão especial, concedida apenas a um número limitado de pessoas por dia, sendo que turistas casuais são fortemente desencorajados. Apesar de ser uma das áreas mais fechadas do mundo, o Monte Athos continua a atrair curiosidade e respeito, tanto pela sua arquitetura impressionante – com mosteiros medievais esculpidos nas encostas da montanha – como pelo seu legado cultural e religioso. Este território monástico, classificado como Património Mundial da UNESCO, abriga 20 mosteiros e centenas de ermidas espalhadas pela paisagem montanhosa. A vida dos monges é regida por um rigoroso calendário religioso, onde o tempo é marcado pelas orações, pelo trabalho manual e pelo estudo das escrituras sagradas. Muitos dos edifícios religiosos do Monte Athos preservam manuscritos raros e ícones religiosos de valor inestimável, tornando este local um verdadeiro museu vivo da história bizantina. As autoridades religiosas do Monte Athos mantêm-se firmes na defesa da sua tradição, considerando-a uma parte essencial da identidade espiritual da comunidade monástica. Mesmo a União Europeia, da qual a Grécia faz parte, já foi questionada sobre esta restrição, mas respeita a autonomia do Monte Athos e não interfere nas suas regras internas. Embora seja um dos territórios mais inacessíveis para as mulheres, há relatos históricos de tentativas de desafiar esta regra. Durante a ocupação otomana da Grécia, por exemplo, há registos de mulheres disfarçadas que tentaram entrar no Monte Athos para escapar à perseguição. Mais recentemente, em 2008, um grupo de ativistas femininas tentou protestar contra a proibição, mas foram rapidamente impedidas pelas autoridades gregas. Ainda assim, a tradição mantém-se intacta e, ao que tudo indica, continuará a ser respeitada pelas próximas gerações de monges e peregrinos ortodoxos. O Monte Athos é um dos últimos refúgios espirituais que resiste à modernidade, mantendo-se como um enclave onde o tempo parou. Para muitos, esta exclusividade torna o local ainda mais enigmático e fascinante, enquanto para outros representa uma barreira anacrónica que deveria ser repensada. Independentemente do ponto de vista, não há dúvida de que o Monte Athos continua a ser um dos lugares mais únicos do mundo, onde a fé e a tradição se entrelaçam para criar um ambiente singular e polémico. como chegar ao monte athosO Monte Athos está localizado na península de Halkidiki, no norte da Grécia, e é acessível apenas por mar. Como se trata de uma comunidade monástica autónoma, a entrada é altamente restrita e exige uma autorização especial. A visita ao Monte Athos não é aberta ao público em geral. Apenas homens podem entrar e precisam de obter um Diamonitirion, um visto especial concedido pelas autoridades monásticas. O número de visitantes é limitado a 100 ortodoxos e 10 não ortodoxos por dia, sendo necessário solicitar a autorização com pelo menos um mês de antecedência. O pedido deve ser feito ao Escritório de Peregrinos do Monte Athos, localizado em Ouranoupoli (para estrangeiros) ou em Salónica (para gregos).Documentos necessários: Passaporte e, se aplicável, carta de recomendação de uma instituição religiosa. Como há um limite de visitantes diários, é crucial pedir a permissão com antecedência, especialmente na época alta (abril a outubro).
O ponto de partida para o Monte Athos é Ouranoupoli, uma vila situada na extremidade da península de Halkidiki. Para chegar a Ouranoupoli, o aeroporto mais próximo é o Aeroporto de Salónica (SKG). A partir daí, podes apanhar um autocarro ou alugar um carro até Ouranoupoli. De Salónica, há autocarros diários operados pela KTEL Halkidiki que levam cerca de 2h30 até Ouranoupoli. O único acesso permitido ao Monte Athos é por barco a partir do porto de Ouranoupoli. Os ferries são operados pela Mount Athos Pilgrims Office e seguem até os portos de Dafni (porto principal) e Ierissos (para a costa leste). O primeiro barco parte às 06h30 da manhã. Recomenda-se estar no porto pelo menos 30 minutos antes. A viagem até Dafni dura aproximadamente 2 horas. Em Dafni, há autocarros e táxis que levam os visitantes até Karyes, a capital administrativa do Monte Athos. A partir de Karyes, podes caminhar ou apanhar transportes locais para os diferentes mosteiros. Os visitantes devem vestir-se de forma modesta – calças compridas e camisas de manga longa são recomendadas. O Monte Athos é um local religioso, e os visitantes devem manter silêncio, respeitar os monges e seguir as tradições locais. Os mosteiros oferecem alojamento gratuito, mas é necessário reservar com antecedência através do contacto direto com os monges. |
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