Deliciam-me Hoteis com nomes Grandiosos que foram apagados pelas décadas. Todos os Grands, Astorias, "falsos" Ritzs. Montecarlos, Majestics, Palaces e etc que sobrevivem em cidades que antes definiram e hoje os ultrapassaram. A fachada imponente precisa urgentemente de obras. Na entrada putas discretas, homens cansados e viajantes perdidos. Pelos corredores antiguidades são tratadas como velharias por hóspedes ignorantes e empregados inconscientes. Os quartos são já todos diferentes, produto de renovações parciais e temporárias que deram mais uns anos fugazes de fôlego ao Hotel mas comprometem a esperança de um retorno à sua grandeza. Quase todos um elogio eloquente à esquizofrenia em que o passado teima em permanecer vivo em detalhes desconfortáveis obsoletos e desproporcionados. As camas rangem mas continuam limpas, a água corre quente, a janela grita os barulhos do centro da cidade mas até isso perdoamos pela vista nobre que oferece. O passado pressente-se. Os restaurante deixou de funcionar. Os empregados velhos, indiferentes mas educados, mantêm as putas noturnas discretas. O rececionista rendeu-se ao seu destino. Uma televisão ligada anula o silêncio. De manhã, quando descemos reencontramos a única sala que ainda condiz com o nome do Hotel, a dos pequenos almoços, que por definição é mais imune às exigências do Progresso e cuja foto navega pelas redes sociais. Faço check-out com a certeza que quando regressar tudo vai estar ainda pior. Em decadência suave e contínua até que um bisneto dos muitos herdeiros venda o Grande Hotel e a sua história a uma cadeia internacional, ou um grande incêndio o apague para sempre, ou mesmo, até que eu enriqueça subitamente, o compre, e dê finalmente um emprego sério às putas da receção. |
BLOG PORTUGUESES EM VIAGEMARTIGOS:
Tudo
|