Após mais de dez anos de remodelação, reabriu ao público um dos museus mais importantes do Brasil. Trata-se do Museu do Ipiranga na cidade de São Paulo. Celebra a independência do Brasil, mas agora dá voz também aos Indígenas. A não perder. Todo o Museu foi modernizado. Para além de agradável e muito bem organizado, o ponto mais notório e louvável é o enorme esforço de inclusividade. Será dos Museus do Mundo neste momento mais bem preparados para receber pessoas com desafios visuais, auditivos ou de locomoção. Só por essa lição civilizacional, o Museu do Ipiranga merece a nossa visita.
O Museu fica num agradávelmente belo e extenso jardim que lhe confere ainda mais majestade. As salas do palácio foram fielmente recuperadas e abrigam obras e objectos referentes à Independência e história do Brasil. Das pinturas dos imperadores aos objectos das pessoas comuns. De todas as obras destaca-se a obra-prima "Independência ou Morte", uma enorme tela que eterniza o momento em que o Imperador D. Pedro declarou a independência do Brasil às margens do Rio Ipiranga, um pequeno rio que atravessa São Paulo e que dá nome à esta região da cidade. Mas igualmente marcante, refrescante, louvável e inovador, foi o cuidado do Museu de dar voz a outros pontos de vista. O Museu inova por exemplo ao dar voz às etnias indígenas, às mulheres, aos escravos, às questões de género e à população economicamente marginalizada. E faz isso de uma forma brilhante e construtiva. Somos confrontados com novas perspectivas sobre os feitos e os personagens da narrativa comum, e isso acrescenta e não diminui em nada a experiência da visita. Logo após lermos sobre as vidas verdadeiramente heróicas de alguns Bandeirantes e Colonos que desbravaram o Brasil, podemos ver um vídeo sobre as preocupações indígenas da actualidade. Depois de vermos os artefactos que decoram as casas dos primeiros colonos, um vídeo com fotos de quartos de dormir actuais numa zona desfavorecida de São Paulo. O Museu do Ipiranga não procura conclusões definitivas ou abordagens exaustivas mas consegue que os visitantes de todas as idades saiam com a consciência da importância de procurar o contraponto à narrativa comum. Essa valorização dos outros lados da História é profundamente humanista e democrática e deve ser por isso aplaudida e seguida por outros museus do género, A visitar na próxima Expedição ao Brasil. |
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