No Dia Internacional da Mulher, celebrado a 8 de Março, é essencial refletirmos sobre a importância histórica e atual desta data, especialmente em Portugal, onde as mulheres protagonizaram uma luta persistente pela igualdade de direitos. Das conquistas legais às tradições de celebração pelo mundo, passando pelas mulheres portuguesas que marcaram o movimento feminista e pelas estatísticas globais que mostram como as mulheres viajam mais do que os homens, cada tema revela uma faceta da força, resiliência e determinação feminina.convidamos-te a conhecer não só a evolução dos direitos das mulheres em Portugal, mas também a forma como diferentes culturas celebram esta data, quem foram as grandes pioneiras do feminismo nacional e como as mulheres estão a transformar a forma de viajar, criando um novo paradigma na indústria do turismo. COMO É CELEBRADO O DIA INTERNACIONAL DA MULHER NOS DIFERENTES PAÍSES DO MUNDOO Dia Internacional da Mulher, celebrado a 8 de Março, é assinalado de formas muito distintas em diferentes partes do mundo, refletindo as culturas, as histórias e até o contexto político de cada país. Em muitos lugares da Europa de Leste, como a Rússia, a Ucrânia e a Polónia, o Dia da Mulher é celebrado quase como uma mistura entre o Dia da Mãe e o Dia dos Namorados. As mulheres recebem flores, pequenos presentes e mensagens de apreço, tanto de familiares como de colegas de trabalho. A mimosa, uma flor delicada e vibrante, é o símbolo tradicional da data em Itália, onde as mulheres são homenageadas com ramos desta flor e convidadas a jantares ou eventos entre amigas, numa celebração de cumplicidade e sororidade. Já em países da América Latina, o 8 de março é uma data marcada por um forte tom político. No México, Argentina, Brasil e Chile, por exemplo, são comuns grandes manifestações nas ruas, com mulheres de todas as idades a exigirem direitos iguais, o fim da violência de género e justiça para as vítimas de feminicídio. Nestes países, o Dia da Mulher é mais um momento de luta e protesto do que de celebração festiva. Os movimentos feministas aproveitam a data para reforçar a necessidade de mudanças estruturais e para dar visibilidade às desigualdades e violências que afetam milhões de mulheres na região. Na China, o Dia Internacional da Mulher é reconhecido oficialmente e, em algumas empresas, as trabalhadoras recebem metade do dia livre para celebrar ou descansar. No Vietname e em muitos outros países asiáticos, a data é uma oportunidade para expressar respeito e gratidão pelas mulheres, sendo comum a oferta de presentes e mensagens simbólicas. Em África, a celebração varia muito de país para país, mas em locais como Moçambique e Angola, o 8 de Março é também um dia de reflexão sobre o papel essencial das mulheres na reconstrução e desenvolvimento das sociedades após longos períodos de conflito. Em Portugal, a tradição tem evoluído: se há algumas décadas era visto como um dia para festas e jantares de grupo entre mulheres, hoje é cada vez mais uma data de reflexão, marcada por debates, campanhas e iniciativas públicas para promover a igualdade e alertar para a violência doméstica e a discriminação de género. importÂncia globalO Dia Internacional da Mulher, celebrado a 8 de março, tem uma importância global que é sublinhada por dados alarmantes e reveladores publicados pelas Nações Unidas. Segundo a ONU, em média, as mulheres continuam a ganhar cerca de 20% menos do que os homens em todo o mundo, mesmo quando desempenham funções semelhantes. Esta disparidade salarial é apenas um reflexo de uma realidade estrutural mais profunda, onde as mulheres representam a maior parte da força de trabalho em setores informais e mal pagos, com menos acesso a direitos laborais e proteção social. Estes números provam que, apesar de avanços importantes, a igualdade de género no mundo do trabalho ainda está longe de ser uma realidade. Outro dado significativo é a violência de género, uma epidemia silenciosa que afeta milhões de mulheres em todos os continentes. De acordo com a ONU Mulheres, uma em cada três mulheres no mundo já sofreu algum tipo de violência física ou sexual, muitas vezes dentro de casa e às mãos de parceiros íntimos. Estes números tornam claro que o 8 de março não é apenas uma data comemorativa, mas uma chamada de atenção urgente para políticas públicas eficazes de prevenção e combate à violência, assim como para o reforço de mecanismos de proteção e apoio às vítimas. Sem segurança e respeito pelos direitos fundamentais, a verdadeira igualdade será impossível de alcançar. Além disso, as estatísticas da ONU mostram que, em 2023, apenas 26,7% dos lugares parlamentares a nível mundial eram ocupados por mulheres. Esta sub-representação política significa que a voz das mulheres continua a ser ignorada ou secundarizada em muitas decisões que afetam diretamente as suas vidas. A presença feminina em posições de poder e decisão é essencial para criar sociedades mais inclusivas, sustentáveis e justas. Por tudo isto, o Dia Internacional da Mulher é mais do que uma celebração: é uma ferramenta de mobilização global, um momento para exigir compromissos reais e para lembrar que a igualdade de género não é apenas uma questão de direitos humanos, mas uma condição indispensável para o desenvolvimento social e económico de todos os países. A evolução dos direitos das mulheres em Portugal A evolução dos direitos das mulheres em Portugal é uma história marcada por avanços lentos, mas significativos, que refletem a luta constante pela igualdade de género no país. Durante grande parte da história portuguesa, as mulheres foram relegadas ao espaço doméstico, sem acesso a direitos políticos, educativos ou laborais. Foi apenas em 1911, após a implantação da República, que as primeiras mulheres conquistaram o direito de acesso ao ensino superior, uma vitória simbólica num país onde a educação feminina era vista como desnecessária. No entanto, o direito ao voto permaneceu proibido às mulheres até 1931, e mesmo assim, limitado apenas às mulheres com ensino secundário ou superior, o que na época excluía a esmagadora maioria da população feminina. A verdadeira mudança no estatuto jurídico e social das mulheres só começou após a Revolução de Abril de 1974, quando o novo regime democrático trouxe a consagração da igualdade entre homens e mulheres na Constituição de 1976. Esta nova Constituição garantiu direitos fundamentais como a igualdade no acesso ao trabalho, a proibição de discriminação salarial com base no género e o direito de participar plenamente na vida política. Nos anos seguintes, foram criadas leis essenciais como a Lei do Divórcio em 1975, que deu finalmente às mulheres a possibilidade de pôr termo a um casamento sem depender do consentimento do marido, e a despenalização do aborto em 2007, uma das lutas feministas mais emblemáticas em Portugal. Nas últimas décadas, Portugal continuou a avançar na promoção da igualdade de género, com marcos importantes como a Lei da Paridade em 2006, que estabelece quotas mínimas de 33,3% para mulheres em listas eleitorais, garantindo maior representatividade feminina na política. Em 2018, entrou em vigor a lei que obriga as empresas cotadas em bolsa a ter pelo menos 33,3% de mulheres nos seus órgãos de administração. Estes avanços legais refletem uma maior consciência social e política sobre a importância da participação feminina em todas as esferas da sociedade. Contudo, apesar destes progressos, as mulheres em Portugal continuam a enfrentar desafios como a desigualdade salarial, a sobrecarga nos trabalhos domésticos e a violência de género, o que mostra que a luta pelos direitos das mulheres em Portugal ainda está longe de terminar. O FEMINISMO EM PORTUGALA história do Feminismo em Portugal é marcada por mulheres extraordinárias que desafiaram o seu tempo e abriram caminho para os direitos e liberdades que hoje damos como garantidos. Uma das figuras mais emblemáticas é Carolina Beatriz Ângelo, médica e ativista que, em 1911, se tornou a primeira mulher a votar em Portugal, aproveitando uma brecha legal que permitia votar a "cidadãos chefes de família", estatuto que ela reivindicou após a morte do marido. A sua coragem trouxe o tema da participação política das mulheres para o centro do debate público, numa época em que a sociedade portuguesa ainda via a mulher como uma figura submissa, confinada ao lar. Outro nome incontornável é o de Maria Lamas, escritora, jornalista e resistente antifascista, que na década de 1940 percorreu o país para dar voz às mulheres anónimas do campo e da cidade. A sua obra "As Mulheres do Meu País" é um retrato cru da vida feminina durante o Estado Novo e um poderoso manifesto feminista, denunciando a pobreza, a falta de acesso à educação e a opressão doméstica vivida por milhões de portuguesas. Já nos anos 70, com o fim da ditadura e a revolução de Abril, figuras como Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa, conhecidas como as "Três Marias", desafiaram o conservadorismo da época com o livro "Novas Cartas Portuguesas", uma obra feminista que escandalizou o regime e deu visibilidade internacional à luta das mulheres portuguesas. No período democrático, destacam-se ativistas como Maria de Lourdes Pintasilgo, a primeira e até hoje única mulher a assumir o cargo de primeira-ministra em Portugal, que sempre defendeu a igualdade de género como condição essencial para a justiça social. Mais recentemente, mulheres como Capicua, rapper e socióloga, têm usado a cultura para trazer o feminismo para o espaço público e para as novas gerações, mostrando que a luta continua. A história do feminismo em Portugal é, por isso, feita de muitas vozes – famosas ou anónimas – que, com coragem e persistência, transformaram o país num espaço mais justo e inclusivo para todas e todos. AS MULHERES VIAJA M MAIS QUE OS HOMENSNos últimos anos, as estatísticas e os estudos internacionais mostram um fenómeno curioso e revelador: as mulheres viajam mais do que os homens, tanto a nível nacional como internacional. Diversos relatórios da Organização Mundial do Turismo (OMT) indicam que as mulheres representam cerca de 55% de todos os viajantes globais, sendo especialmente dominantes no segmento de viagens de lazer e culturais. Esta tendência reflete não só uma maior autonomia financeira e social das mulheres, mas também a crescente valorização da viagem como uma ferramenta de autodescoberta, empoderamento e conexão com outras culturas. Para muitas mulheres, viajar é sinónimo de liberdade, crescimento pessoal e de uma afirmação clara de independência. Além disso, os dados de grandes plataformas de reservas, como Booking ou Airbnb, mostram que as mulheres são quem toma a decisão final em cerca de 70% das viagens familiares ou de grupo. Ou seja, mesmo quando não viajam sozinhas, são as mulheres que escolhem os destinos, os alojamentos e as atividades a realizar. Este papel de liderança no planeamento reforça a ideia de que viajar é, para muitas mulheres, uma forma de expressão e de concretização de sonhos pessoais. As viagens femininas incluem cada vez mais aventuras solo, escapadelas entre amigas ou expedições temáticas focadas em bem-estar, espiritualidade ou imersão cultural, mostrando como as mulheres transformaram o conceito tradicional de turismo. Outro fator interessante é o impacto das viagens femininas na indústria turística. Destinos, empresas e operadores adaptaram-se a este crescimento, oferecendo programas específicos para mulheres viajantes, que vão desde retiros em lugares exóticos a experiências seguras para quem viaja sozinha. As mulheres procuram destinos que combinem segurança, autenticidade e experiências memoráveis, e essa procura tem moldado profundamente a oferta turística global. Em resumo, as mulheres não só viajam mais que os homens, como estão a redefinir o próprio ato de viajar, tornando-o uma poderosa ferramenta de transformação individual e cultural. prÓximas expediçÕes |
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