Aproveitando a histeria social da pandemia para ganhar protagonismo, voltam a acordar em Portugal as vozes que marcaram as décadas da ditadura e do fascismo. Com a mesma impunidade como se reduz um Deputado à sua cor, não faltam cobardes dispostos a alinhar na linha da frente no discurso contra as viagens internacionais, fazendo um elogio bacoco de Portugal como o único e mais extraordinário destino de viagem do Mundo. Como são pobres. VIVEMOS MOMENTOS ÚNICOSO momento histórico que vivemos não permite complacência. O que se está a definir hoje é o "novo normal", e o novo normal pode tornar as viagens internacionais novamente um privilégio exclusivo de alguns. O fim das viagens internacionais e intercontinentais como algo democrático e acessível a todos significa um enorme retrocesso civilizacional e dos valores humanos que os Portugueses em Viagem acreditam essenciais para um Futuro inclusivo, ecológico e humano. Já o disse neste Blog: o Passaporte é sempre a primeira vítima dos regimes autoritários. Eles não convivem nada bem com a livre movimentação de pessoas, porque isso implica a grande ameaça a quem ambiciona o poder absoluto: a livre movimentação das ideias. Só vejo uma vantagem no presente cenário de crescentes contrariedades e obstáculos à liberdade de Viajar: permitir-nos a todos separar os verdadeiros viajantes do conformismo medíocre. Distinguir os viajantes humanistas e movidos pela procura do conhecimento, e portanto em oposição às limitações atuais, dos que cantam ao som do tambor do politicamente correto. CADA MONTANHA TEM UM NOMECada montanha, rio, deserto, glaciar, tem um nome e não é por acaso. As praias não se substituem umas às outras e conhecer uma rua, por bela que seja, não explica todas as outras. Cada local é único e irrepetível. Como são pobres os que se contentam em ficar por casa, em ficar por Portugal. As pedras de Portugal não contam a História dos outros locais. As nossas lendas não leem o Cosmos por todas as outras etnias, tribos e tradições. Os nossos deuses não são únicos nem mais honestos que os outros. Ser um verdadeiro Viajante é compreender, vivendo na primeira pessoa, tudo isso. Não temos nada a aprender com aquilo que já somos. Ficar em casa, ficar por Portugal, nunca vai ser suficiente para uma alma crescer para além da mediocridade. E um país de medíocres não tem futuro. ANDAR DE BALOIÇOSer Português tem que significar ser Cidadão do Mundo. Cada jovem Português que pelo ato de Viajar se afasta da mediocridade, é todo um povo, todo um país, que ganha com o que quer que seja que esse novo ser extraordinário vai oferecer de único ao Mundo. Todos nós, como os países, as montanhas e os rios, somos únicos e irrepetíveis. Muito poucos cumprem o seu potencial, mas quase todos os homens e mulheres que mudaram o mundo para melhor, começaram por viajar para se fazer cumprir. No antigo regime, e na boca dos apologistas do novo normal, ser Português é ficar em casa. Querem nos converter numa espécie de ignorantes felizes, embasbacados com passadiços e baloiços, que abdicam do sentido crítico na ambição da aceitação social e mediática. E se não forem pretos pode ser que a Lusa escreva sobre eles a andar de baloiço. O REGRESSO DO PADRE AMAROO que os ignorantes de serviço ao regime do novo normal não compreendem é que ser Português, para compreender Portugal, é essencial Viajar. A nossa História e Identidade não pode ser conhecida, verdadeiramente compreendida, se nos ficarmos pelos bancos da escola e pelos Itinerários das Câmaras Municipais. Esse é o Portugal de Salazar, dos velhos do restelo, do Padre Amaro. O legítimo principio, e por isso hoje apenas sombra, da nossa Identidade. Foi em Viagem que os Portugueses fizeram Portugal. Quem Ama Portugal, os verdadeiros Nacionalistas, condenam a Guerra Colonial, condenam o Racismo na Lusa e condenam a apologia do Fica em Portugal. "fica em portugal" : um discurso que se repeteSalazar, que se recusava a viajar para fora de Portugal, e tentou governar África à distância, chamou também o Turismo à narrativa do Estado Novo. Promovia-se então, em linhas muito idênticas ao que assistimos hoje, o Fica em Portugal. "O apelo a que se olhasse para as tradições da Nação era tal que acabava por se criticar aqueles que “desprezavam” Portugal, optando por viajar para o exterior, negligenciando, dessa forma, o que era “nosso”. Argumentava-se que esta pequena fatia da sociedade portuguesa desconhecia as “tradições nacionais” em detrimento das estrangeiras, o que, no registo oficial de então, era condenável." Estas são as palavras da Historiadora Cândida Cadavez, autora do Livro "A Bem da Nação - As Representações Turísticas no Estado Novo entre 1933 e 1940" que podes ler AQUI. A AMEAÇANão são precisas assim tantas viagens para compreender que a complexidade do Mundo atual não pode ser entendida, discutida e solucionada, se nos resumirmos aos clichês dos noticiários e das redes sociais. O Discurso do "Fica em Portugal" é o discurso politicamente conveniente aos olhos do regime do novo normal (tal como o foi ao estado novo). Como em tudo o resto, e como pude comprovar eu próprio nos últimos meses, viajar hoje também significa encontrar outras soluções para a pandemia, questionar a informação debitada nos media, testemunhar as dramáticas consequências nos países em desenvolvimento das medidas de confinamento inventadas no Ocidente. E isso, se for massivo, é uma ameaça séria aos que tanto lucram com o novo normal. ORGULHOSAMENTE SÓSSim, os Portugueses em Viagem estão orgulhosamente sós na defesa do Direito a Viajar. Somos claros, transparentes e incómodos na forma como pensamos. Mas pensamos. Para nós Viajar não é apenas uma arte, é um ato nobre, humanista, uma expressão de liberdade, essencial ao progresso, à consciencialização social e ecológica. Um nobre ato que não deve ser reduzido a apenas uma transação mercantilista. Num panorama tão provinciano que as agências de viagens de aventura continuam a escolher nomes em Inglês, como se Viajar ou Liberdade não se escrevessem por direito próprio na nossa língua mãe, por difícil que seja e por mais obstáculos que levantem, nós continuamos a ser assumida e orgulhosamente Portugueses em Viagem. Nascemos livres e continuamos livres, por muito que isso incomode os lacaios do "novo normal". Viajar é um Direito demasiado essencial para ser redefinido com um ficar em Portugal. Pelos Portugueses em Viagem, João Oliveira |
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