STONEHENGE: O ENIGMA

Situado na planície de Salisbury, no sul de Inglaterra, Stonehenge é um dos monumentos pré-históricos mais icónicos do mundo. Composto por um anel de pedras monolíticas, este sítio arqueológico tem fascinado investigadores, historiadores e turistas durante séculos. Mas o que realmente sabemos sobre Stonehenge? No blog dos Portugueses em Viagem fomos investigar a história, a construção e os mistérios que envolvem este extraordinário local.

A construção de Stonehenge remonta a cerca de 3000 a.C. até 2000 a.C., sendo dividida em várias fases. As primeiras evidências apontam para um círculo de buracos, conhecido como "Aubrey Holes", escavados por volta de 3100 a.C. Estes buracos foram, inicialmente, preenchidos com cal e possivelmente utilizados para cerimónias religiosas.

A fase mais reconhecida de Stonehenge, a colocação das pedras gigantes, começou cerca de 2500 a.C. O círculo exterior é composto por blocos de arenito sarsen, enquanto o círculo interior inclui pedras azuis menores, transportadas desde as Montanhas Preseli, no País de Gales, a mais de 200 km de distância. A logística envolvida no transporte e na elevação destas pedras continua a ser um mistério e um testemunho da engenhosidade dos construtores neolíticos.

O propósito original de Stonehenge tem sido objeto de muitas teorias e especulações. Alguns estudiosos sugerem que foi um templo religioso, alinhado com os solstícios de verão e inverno. A posição das pedras cria um alinhamento preciso com o nascer e o pôr do sol nestes dias específicos do ano, sugerindo uma função astronómica ou calendário.

Outras teorias incluem Stonehenge como um local de cura, um cemitério ou até mesmo um local de encontro tribal. Recentes escavações revelaram restos humanos cremados, indicando que o local pode ter servido como uma área de sepultamento durante diferentes fases da sua história .

Apesar dos muitos estudos, Stonehenge mantém muitos dos seus segredos. Como foi possível transportar pedras tão pesadas por longas distâncias sem o uso de tecnologia moderna? Qual era a verdadeira finalidade das "Aubrey Holes"? E porque escolheram este local específico na planície de Salisbury?

Nos últimos anos, o uso de tecnologia moderna, como o radar de penetração no solo e a análise de ADN, trouxe novas descobertas e hipóteses. Estas investigações ajudaram a mapear áreas ao redor de Stonehenge, revelando outros monumentos e estruturas associadas, sugerindo que Stonehenge não era um local isolado, mas parte de uma paisagem ritual complexa .

Atualmente, Stonehenge é um dos destinos turísticos mais populares do Reino Unido, atraindo milhões de visitantes todos os anos. Foi declarado Património Mundial da UNESCO em 1986 e é gerido pelo English Heritage, uma organização dedicada à preservação dos locais históricos da Inglaterra.

​Visitar Stonehenge é uma experiência única. Ao caminhar pelo círculo de pedras, podes sentir a aura mística e a grandeza deste antigo monumento. As visitas são acompanhadas por exposições no centro de visitantes, onde réplicas e exibições interativas ajudam a contextualizar a história e as teorias associadas a Stonehenge.

Stonehenge permanece como um enigma, um símbolo do passado remoto da humanidade que continua a cativar e a inspirar. Seja pelo seu alinhamento astronómico, pelas suas imponentes pedras ou pelos segredos que ainda guarda, este monumento milenar continua a ser um dos locais mais fascinantes do mundo. Ao visitares Stonehenge, tu não estás apenas a explorar um sítio arqueológico, mas a conectar-te com um legado que transcende o tempo e a história.

construções neolíticas em portugal

Em Portugal, existem várias construções neolíticas da mesma época de Stonehenge. O período Neolítico em Portugal, que decorreu aproximadamente entre 6000 a.C. e 2000 a.C., deixou um legado impressionante de monumentos megalíticos. Entre as mais notáveis, destacam-se:
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• Cromeleque dos Almendres: Situado perto de Évora, o Cromeleque dos Almendres é um dos maiores e mais antigos complexos de menires na Península Ibérica. Este sítio arqueológico remonta a cerca de 6000 a.C. e consiste em mais de 90 monólitos de granito dispostos em círculos concêntricos. Os menires variam em tamanho e muitos apresentam gravuras e inscrições que podem ter significado religioso ou astronómico. Este cromeleque é anterior a Stonehenge e mostra a sofisticação dos povos neolíticos que habitavam a região.
• Anta Grande do Zambujeiro: Também localizada perto de Évora, a Anta Grande do Zambujeiro é uma das maiores antas da Península Ibérica. Esta monumental estrutura funerária, datada de cerca de 4000 a.C., consiste num grande corredor de pedras que leva a uma câmara funerária coberta por uma enorme laje de pedra. As antas, ou dólmenes, eram utilizadas como sepulturas coletivas e refletem a importância dos rituais funerários na sociedade neolítica.
• Anta da Orca: Localizada em Oliveira do Hospital, a Anta da Orca é outra impressionante estrutura funerária datada de cerca de 3000 a.C. Esta anta é composta por uma câmara poligonal e um corredor de acesso, ambos construídos com grandes lajes de pedra. A entrada da anta é orientada para o nascer do sol, o que sugere uma ligação astronómica e possivelmente ritualística.
• Menir da Meada: O Menir da Meada, situado em Castelo de Vide, é o maior menir da Península Ibérica, com mais de 7 metros de altura. Este monólito isolado foi erguido durante o período Neolítico e a sua função específica permanece desconhecida, embora se acredite que tenha servido como marco territorial ou elemento ritualístico.

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A INFLUÊNCIA CULTURAL DE STONEHENGE

Stonehenge, com a sua presença imponente e misteriosa, tem sido uma fonte de fascínio e inspiração ao longo dos séculos, influenciando diversas áreas da cultura. Desde a literatura e a arte até à música e à arquitetura, este monumento antigo tem deixado a sua marca de maneiras variadas e profundas. Vamos explorar algumas das principais áreas onde Stonehenge tem tido uma influência significativa.
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LITERATURA
Stonehenge tem aparecido em inúmeras obras literárias ao longo dos anos. No século XIX, o poeta William Wordsworth escreveu sobre Stonehenge na sua poesia, capturando a aura de mistério e antiguidade que o monumento exala. Thomas Hardy, no seu romance "Tess of the d'Urbervilles" (1891), inclui uma cena poderosa onde a protagonista busca refúgio em Stonehenge. Esta cena sublinha o papel do monumento como um símbolo de força ancestral e destino inevitável.

ARTE
Os artistas têm sido atraídos por Stonehenge desde o Renascimento até aos dias de hoje. O pintor inglês John Constable criou uma famosa aquarela de Stonehenge em 1835, que destaca o monumento sob um céu tempestuoso, refletindo a sua natureza dramática e intemporal. Na arte contemporânea, Stonehenge continua a inspirar artistas que exploram temas de natureza, história e espiritualidade.
MúsicaStonehenge também tem tido uma influência significativa na música. Bandas de rock como Led Zeppelin e Black Sabbath referiram-se a Stonehenge nas suas músicas e performances, associando o monumento à mística e à profundidade histórica. A banda britânica Spinal Tap, na já mencionada comédia "This Is Spinal Tap", imortalizou Stonehenge numa cena icónica que brinca com a grandiosidade do monumento.

ARQUITETURA
A influência de Stonehenge pode ser vista na arquitetura através do uso de formas e estruturas megalíticas. O conceito de grandes pedras em pé organizadas em círculos ou outras formas geométricas tem sido replicado em vários monumentos e espaços públicos, evocando a aura de mistério e poder de Stonehenge. Um exemplo moderno é o "Stonehenge americano" em Salem, New Hampshire, onde estruturas de pedra foram criadas para lembrar o estilo e a imponência de Stonehenge.

CULTURA POPULAR
Stonehenge tem um lugar especial na cultura popular. Desde documentários históricos até filmes de ficção científica e fantasia, o monumento tem sido retratado de inúmeras maneiras. A sua imagem é frequentemente associada a mistérios antigos, extraterrestres, e poderes sobrenaturais, mantendo o interesse e a curiosidade do público ao longo dos anos.

FESTIVIDADES E ESPIRITUALIDADE
O monumento é também um ponto focal para diversas práticas espirituais e festividades. O solstício de verão, em particular, atrai milhares de pessoas a Stonehenge para celebrar o nascer do sol. Druidas modernos, neopagãos e outros grupos espirituais consideram Stonehenge um local sagrado, onde realizam rituais e celebrações.

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