Paraty, no Brasil, é uma pequena vila lendária. Fica junto ao mar, a sul do Rio de Janeiro, encostada a serras que chegam aos 2.000 metros de altitude e protegida do oceano atlântico por inúmeras pequenas ilhas paradisíacas. A terra em si é Brasileira, mas o chão é português. Sabe porquê no Blog dos Portugueses em Viagem Paraty, no Brasil, é uma pequena vila lendária. Fica junto ao mar, a sul do Rio de Janeiro, encostada a serras que chegam aos 2000 metros de altitude e protegida do oceano atlântico por inúmeras pequenas ilhas paradisíacas. A História ergueu-a subitamente da floresta e deixou-a depois parada no tempo. As casinhas centenárias, imaculadamente brancas e bem cuidadas, com janelas e portas de madeira coloridas, alinham-se organizadamente pelas ruas e em torno de largos empedrados onde palmeiras e árvores frondosas dão sombra aos músicos e escritores cariocas que a redescobriram. Na floresta que sobe pelas serras ainda hoje é possível encontrar comunidades indígenas.. Os seus vales são atravessados pela chamada estrada real por onde se escoava o ouro de Minas Gerais para o porto de Paraty, e daí para Portugal. Quando o ouro tomou outra rota mais rápida (via Petrópolis e Rio de Janeiro), Paraty, de um dia para o outro, parou no tempo. Afundou economicamente e desertificou. Foi esse silêncio que a preservou até hoje. Há umas poucas décadas foi redescoberta pelo mundo das artes, eleita património da humanidade. Quem diria, uma vila pequena, acolhedora, esquecida e segura, onde às vezes as ruas imitam Veneza e se inundam com a maré alta. Recheou-se de Pousadas elegantes, investiu no Turismo diferenciado, acolhe inúmeros pequenos festivais deliciosos e juntou à comida carioca as delícias gastronómicas de Minas Gerais que chegam pela antiga estrada real. Mas Paraty esconde um segredo. Foi construída em chão Português. As longas ruas estão feitas com pedras irregulares, trazidas de Portugal, que dão forma e sustentação à cidade. Estes milhares de pedras, todas elas, são portuguesas. Se seguirmos a lógica do Marquês de Pombal(*), caminhar aqui é caminhar em Portugal. Toneladas de pedra embarcada da metrópole para Paraty, pedras transatlânticas, manchadas com o suor dos escravos, a ganância dos colonos e a audácia de inúmeros aventureiros. As pedras serviam de lastro às naus que vinham buscar o ouro. Eram largadas aqui, emigradas involuntariamente, e trocadas por ouro puro trazido das minas no interior do país. Foi com essas pedras que se fez Paraty. E esta é uma das histórias que contam à alma de quem passar por aqui. (*) O Marquês de Pombal (1699 - 1782) foi condenado por um Juiz a não pisar outra terra que não a sua, Pombal. Para apresentar recurso à Coroa, o Marquês encheu o chão da sua carruagem com terra de Pombal e deslocou-se assim até Lisboa. Entre algumas das suas medidas menos conhecidas estão o ter nacionalizado o transporte de mercadorias entre Portugal e as sua colónias e ter abolido a escravatura dos indígenas no Brasil. |
BLOG PORTUGUESES EM VIAGEMARTIGOS:
Tudo
|