Os mais atentos sabem que na net abundam os esquemas de vendas assentes em worshops, ebooks, webclasses, e similares. Prometem ensinar tudo, partilhar contigo o segredo do sucesso, desde a mais simples bitcoin a como conquistar a pessoa amada, A ideia sempre subjacente é a de que é muito fácil, que há um segredo que os outros insistem esconder de ti, um segredo que o cândido formador te vai revelar, vendendo uns workshops e ebooks que prometem o mundo a quem os pagar. A moda chegou agora ao mundo das viagens e merece por isso atenção. o medo de viajar sóEfetivamente há pessoas que querem viajar de forma independente e não sabem como (ou têm receio de o fazer). Este facto não legitima que alguém queira lucrar com a ignorância e as inseguranças das pessoas. A informação de como viajar sozinho/a está disponível online, é gratuita, e está ao alcance de todos. Basta perguntar ao Google. Ele sabe tudo. Há muitos motivos para além do medo que fazem um viajante não querer ir só, e todos eles, por serem pessoais, devem ser respeitados. Observando os muitos viajantes que vou conhecendo, entendi que o receio de viajar sozinho/a pode ser assente em "medos exteriores específicos" ou medos psicológicos mais profundos. Um medo especifico pode ter a ver por exemplo com uma doença ou limitação que desaconselham determinado tipo de viagem ou destino. Todos conhecemos pessoas de quem gostamos e que por isso preferimos que viagem acompanhadas. Não viajar sozinho/a em alguns casos ou destinos não é medo: é sensato, pode muito bem ser a decisão mais inteligente para usufruir descontraidamente e em pleno das férias. Já um medo psicológico mais profundo, sem fatores objetivos, pode nascer de uma insegurança ou outro tipo de desafios, que, mais uma vez, devem ser respeitados. Cada ser humano é um universo único, um novelo complexo de experiências, memórias, medos e ambições, que não se resolvem com sorrisos bonitos e frases do Buddha em Webinars. Tenha o medo de viajar sozinho/a uma origem factual ou psicológica, ele deve ser respeitado e discutido com um profissional. Não são assuntos para ficarem entregues nas mãos de um viajante focado/a no lucro. Tentar impor / vender a nossa forma pessoal de viajar aos outros, como a melhor e a mais válida, é sempre um forte indicador de mediocridade. viajar não se ensina onlineViajar não se ensina. E não se ensina porque a verdadeira viagem é sempre pessoal e única, não existindo uma forma mais correta, uma fórmula mágica para viajar melhor que os outros. Sempre que encontrares um viajante que acha que viaja melhor do que tu, estás perante uma farsa, que por muitos países que tenha visitado nunca saiu da aldeia. E as farsas nunca têm nada para nos ensinar. Não há momento mais libertador do que quando perceberes isto, ou seja, que ninguém tem mesmo nada para te ensinar em como tu deves viajar. Tu és único/a... e portanto a tua Viagem é um caminho só teu, um caminho árduo mas gratificante. Viajar sozinho/a é uma experiência plena de erros e dissabores que com o tempo aprendes a valorizar e que te levam às melhores memórias. Viajar não é seguir um ebook, não se aprende em workshops, não é obedecer a um plano, nem seguir uma lista que se compra online. Viajar é permitires-te o direito de errar, é saíres da tua zona de conforto para num diálogo aberto com tudo o que desconheces, te redefinires a ti próprio/a. Essa é a única e verdadeira viagem, que tanto pode ser no Tibete, como na Amazónia ou aqui ao lado em Madrid. Mas será uma viagem só tua e que ninguém vai fazer por ti. os falsos gurus das viagensRecentemente estive num jantar com os Portugueses mais viajados da atualidade. Eram cerca de duas dezenas e conhecem o Mundo inteiro. Viajam para si próprios e não em busca de protagonismo. Nenhum tem blog e a grande maioria não dá sequer entrevistas. Partilham destinos de difícil acesso no seu curriculum, mas escutando-os, é fácil perceber que cada um já encontrou a sua forma única e muito pessoal de viajar. E isso só se consegue na estrada. Para quem viaja muito é transparente, simples, evidente, que a viagem é uma experiência demasiado pessoal para ser ensinada, definida, parametrizada. Tal e qual como o amor que pensamos que compreendemos quando somos adolescentes: as viagens no digital estão muito aquém da fascinante realidade. a segurança começa no realismoComo acontece com tudo na vida das pessoas, nas redes sociais só encontras o lado bom das viagens. Mas uma viagem tem sempre contratempos, dissabores e desafios. Muitas pessoas não os partilham porque são irrelevantes, uma parte natural do caminho. Outras por privacidade, e outras ainda por um certo complexo de perfeição. Mas uma viagem verdadeira e intensa tem sempre de tudo. Tem presente que há viajantes que perdem a vida todos os anos. Por exemplo na Tailândia, um país muito visitado e seguro, entre 2017 e 2018 60 jovens viajantes britânicos foram assassinados. Estes números não te devem dissuadir de ir mas apenas defender-te do discurso da ilusão que "é tudo simples e fácil" e estimular-te a viajar sim, mas com responsabilidade. tudo o que pode correr mal quando viajas sózinhoSe não vais com um Agência de Viagens e um Líder Experiente e responsável, há todo um trabalho a fazer que ninguém vai fazer por ti. Todos os destinos têm desafios, riscos, esquemas específicos. Viajar sozinho é sobretudo um ato de responsabilidade. Prepara-te antes de ires. Como disse no início deste texto, pergunta ao google, e dedica tempo a pesquisar quais os riscos que vais enfrentar. Não existem respostas padrão para os cuidados a ter: os riscos dependem de quem tu és, da tua idade, género e condição física. Dependem ainda do destino, do meio de transporte, do contexto político e religiosos, e até da época do ano. É sempre um trabalho de preparação específico. Mas por muito preparado/a que estejas há algo que pode correr mal: é descobrires a meio que viajar sozinho não é para ti. Da mesma forma que ir à praia ou jantar fora sozinho pode não ser para ti. Há muitas formas de viajar, e viajar sozinho/a pode não ser a tua nnda(pelo menos neste momento da tua vida). E isso é tranquilo. Somos seres sociais e a grande maioria das pessoas gosta de viajar acompanhada. o negócio dos bloguer$Ser Bloguer hoje é uma atividade económica sob enorme pressão e concorrência. Isso gera muita pressão para a constante publicação de conteúdos que muitas vezes são escritos com mensagens e e palavras pensadas para conseguir subscritores - e não para te fornecer informação detalhada e útil. Como viajante já encontrei várias vezes falhas e omissões graves em blogs conceituados e é muito importante para a tua segurança que diversifiques ao máximo as tuas fontes de informação. Ao contrário de uma Agência de Viagens, um bloguer não tem qualquer responsabilidade legal sobre os conselhos que dá, e pintar o mundo de rosa normalmente vende mais que descrever a verdade. O Blog que chegou a Número 1 nos Estados Unidos sem uma palavra escrita por um ser humano, ou o restaurante que nunca existiu mas liderou as Avaliações do Trip Advisor em Londres... são exemplos extremos, mas reais, que deves conhecer, pois vão te ajudar a manter o sentido critico sobre a informação disponível online. eu gosto de viajar sozinhoEstou de facto entre a minoria que gosta de viajar sozinho. Mas nem sempre. Quando vou a um destino arriscado em que o objetivo é conhecer, experimentar, avaliar, prefiro ir completamente só. É assim que gosto de viajar quando por exemplo se trata de definir novos itinerários para as nossas Expedições. Mas se o destino for um regresso a um local que já conheço, ou uma praia ou destino de diversão, prefiro ir com pelo menos um ou dois amigos, e somar ao prazer de lá estar o prazer da boa companhia. |
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